O Mapa e o Território, de Michel Houellebecq

Este livro absorvente, dividido em três partes, acompanha exaustivamente nas primeiras duas a vida de um artista, Jed.

Conta-nos como o seu trajeto inicial pela fotografia o levou a alcançar o sucesso ao retratar múltiplas perspectivas das cartas Michelin, sendo apadrinhado por esta empresa e conhecendo um grande amor que nela trabalhava e que promoveu o seu trabalho.

É este amor, Olga, uma russa de grande gabarito profissional que o introduz no mundo artístico parisiense e o tira do seu isolamento, no qual vivia desapegadamente.

A segunda fase da sua vida artística, já sem Olga, é dedicada à pintura figurativa, onde revela as várias profissões da nossa sociedade, desde o empregado de mesa, passando por Jeff Koons, até ao Steve Jobs.

Esta fase termina com uma grande exposição restrospectiva, cujo catálogo é escrito sem tirar nem pôr pelo próprio Houellebecq, transformado em personagem, no seu próprio papel, de escritor desligado do mundo, e que tem grande sucesso mediático, levando a que os quadros atinjam valores inimagináveis para Jed e o seu agente, tornando-o um homem abastado e sem problemas financeiros seja de que ordem for, presentes ou futuros.

Jed foi visitar Houellebecq para lhe pedir que escrevesse o catálogo para a exposição, e tendo prometido fazer-lhe um quadro dele, acabou por ir oferecê-lo pessoalmente depois da dita exibição bem sucedida. Estava avaliado no valor de 750 mil euros.

A última e terceira parte do livro consiste na investigação levada a cabo. por um inspector à beira da reforma. do assassinato de Houellebecq, que tinha sido visto pela última vez socialmente precisamente por Jed, naquela visita da entrega do quadro prometido.

Este crime, hediondo, cruel e de causar vómitos pela maldade revelada, do escritor famoso pela escrita das "Partículas elementares", ocupa a parte final do livro que deixarei em aberto para vos aguçar o apetite.

Boa leitura

Maria